sem inspiração, sem motivação e sem propósito. onde se encontra o meu "eu" mais genuíno, o meu "eu" mais verdadeiro? mudou? não. desapareceu? não.. está preso, isso sim. preso no espaço onde o corpo se encontra, preso no corpo e preso dentro de si próprio. como se de uma caixinha de segredos se tratasse, o meu "eu" escondeu-se e preferiu guardar-se para tempos épicos.
por vezes questiono-me: se me encontro nesta desolação de quando em vez, se sinto que não tenho quaisquer pilares, se os meus objectivos se perdem na infinidade das minhas complexas teorias filosóficas (pretendendo descortinar algum do sentido desta vida de adolescente que levo...), o que faria se REALMENTE não tivesse saída de uma situação horrenda? se toda a minha existência dependesse de outrem? se tivesse que mendigar para receber uma mínima moeda na palma da minha mão? se todo o meu esforço se concentrasse com uma finalidade e ao fim de cada longo dia, cada vez mais infinito, me encontrasse exactamente no mesmo sítio? se todos os meus propósitos se desvanecessem, não por vontade própria, mas por vontade do que a sociedade sente que eu deva receber?
todos estes pensamentos me atropelaram num dia em que me senti frágil e que me levou a pensar realmente sobre a minha vida e a dos que se encontram à minha volta. coloquei uma moedinha de cinquenta cêntimos na mão de uma desconhecida, de idade já avançada, que se encontrava sentada no chão, cabisbaixa (certamente a pensar na sua vida, muito pior que a minha, que casualmente julgo tremenda, sem qualquer motivo relevante). o seu sorriso invadiu-me, encheu-me de alegria e as suas lágrimas foram partilhadas comigo. "muito obrigada menina, que Deus lhe dê muita saúde e muita sorte na sua vida". impressionante: a forma como cada um pode mudar a vida do outro. certamente, esta senhora tornou o meu dia épico (por que esperava há muito tempo) mudou muitas das minhas percepções quanto à justiça e à igualdade, mas CERTAMENTE e PRINCIPALMENTE, mudei o seu dia por um simples gesto afável e de lágrima no canto do olho.
que sociedade é esta que atropela os mais frágeis? onde se encontra o conceito de tolerância? porque nos fechamos sobre nós próprios, como se mais nada existisse no nosso mundo egocêntrico, e contribuímos para esta desigualdade cada vez mais abrangente?
sábado, 13 de março de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
balançar
Um sentimento horripilante preenche o espaço guardado ao futuro. Um sentimento aterrorizante trespassa-me como lança, um sentimento que nunca havia intersectado sequer a minha mente. Um sentimento de solidão preenche-me os olhos que, leais como são à mente, choram todo o meu medo. Um sentimento de distância preenche o meu coração porque o sentimento que realmente sinto hoje é abandono.
Não um abandono qualquer, um abandono abúlico que poderá abanar toda a minha existência e destruir um dos alicerces que contribuiu para aquilo que sou, e sinto, hoje.
Sinto já a casa a ceder, algumas pedras rolam, um sopro poderá apagar tudo e eu sinto toda uma necessidade de me/te reconstruir. Corro ansiosamente com as minhas ferramentas para a salvação mas a cada passo que dou freneticamente para que nada se desmorone, sinto-me frágil e não consigo chegar a tempo. Ajuda-me por favor! Ajuda-me, já não consigo reerguer toda a construção sozinha... Preciso que lutes uma vez mais para construir uma casa nova, em que vivas comigo.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
MM
Hoje estou contente: são os anos da minha princesa e HOJE percebi que consigo contrariar um dos ditados populares mais antigos. “LONGE DA VISTA, LONGE DO CORAÇÃO”. Totalmente mentira minha Marg, corrijo: “QUANTO MAIS LONGE DA VISTA, MAIS PERTO DO CORAÇÃO”. Poderia até dizer que estás tão perto do meu coração que chegas a encarná-lo. O teu batimento cardíaco faz-me acelerar ou acalmar, faz-me divertir ou ficar cautelosa, sobretudo faz-me sonhar mais alto ou mais baixo dependendo da força com que bombeias o sangue que NOS corre nas veias.
Sim, minha Marg, és a mesma pessoa que eu em espírito, em personalidade. Surpreendes-me com as tuas atitudes porque me revejo tanto nelas… algumas delas para que te alerto por ter feito exactamente o mesmo em tempos longínquos, permitindo-te que esteja lá alguém para amparar a queda dos mesmos erros que eu mesma cometi em tempos e para os quais não fui amortecida; outras delas que me espantam por representarem todas as minhas acções, todos os meus pensamentos.
Dizes que aprendes comigo mas não, essa é outra situação que reverto hoje: EU aprendo contigo porque és para mim um símbolo, complementas tudo aquilo que gostaria de ser mas não sou capaz. Gostaria de ter ainda a ingenuidade (no bom sentido) que às vezes demonstras e me faz sorrir recorrentemente. Estou um pouco nostálgica porque sinto próximos os meus 18 anos e gostaria de reviver tudo aquilo que vivi com a idade que tens agora, gostaria de ser tudo aquilo que és HOJE.
Por isso, continuarei a encarar-te como a Maria Margarida mais nova porque não só estás mais próxima de mim do que alguma vez poderia julgar possível como REALMENTE vives em mim.
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